terça-feira, 22 de julho de 2014

A dor de uma perda...

No dia 09/07 tive um sangramento leve. Corri pra fazer uma ultra, estava tudo normal, sem descolamentos, o embrião bem, com batimentos, com idade gestacional compatível, mas a placenta estava sob o colo do útero e essa foi me dada como a causa do sangramento.
Dia 12 aconteceu de novo. E dia 15. E dia 16. E eu dobrei o Utrogestan e iniciei o repouso. Mas dia 20 veio de novo. Com coágulos. Era domingo. Na segunda-feira pulei da cama, liguei na clínica e me pediram pra ir lá as 10:00.
Fui atendida rapidamente. O médico que fez o acompanhamento da minha ovulação, que sabia como tinha sido sofrido chegar ali quem ia me atender. Passou o gel na minha barriga, procurou batimentos e não encontrou. Eu chorei. Ele me disse pra fazermos também a transvaginal, pra procurar os batimentos. Não havia mais. Ele examinou o embrião, fez a medida da translucência nucal e ela estava bastante alterada. Eu chorei mais, ele tentou acalmar, me explicou que tratava-se de uma má formação, que Deus sabe o que faz e que não deixa de existir uma seleção natural nesses casos. Me contou que a esposa dele teve dois abortos antes de ter uma gestação completa e me falou dos pais que tem tantos desafios pra criar filhos com necessidades especiais.
Saí de lá chorando. Meu marido estava viajando a trabalho. Liguei pra ele. Foi um choque, chorar e ouvi-lo abafar o choro, sem poder consolar e ser consolada. Ele correu pro aeroporto pra voltar pra casa. Eu fui no consultório do meu médico, que queria logo agendar uma curetagem. Ô palavra horrível! Eu não quis. Tive medo das sequelas. Resolvi esperar a natureza agir e ele me pediu pra voltar lá na quinta-feira.
Meu marido chegou, choramos juntos, recebemos apoio e carinho da família e dos amigos. Pensamos no nosso filho, pensamos nos planos, pedimos que Deus dê conforto, a nós e ao nosso anjinho. Voltamos a fazer planos, não sem dor. Voltamos a erguer a cabeça, não sem dor. Dói. Acho que sempre vamos lembrar com tristeza, com saudade... sempre será nosso primeiro filho.
Hoje saí da cama e fui ao banheiro, como interrompi o Utrogestan, já comecei a perder mais sangue, mais coágulos... Procuro não olhar. Procuro pensar nas razões de Deus. Procuro pensar em como evoluir, me tornar melhor diante dessa experiência tão dolorosa e não deixo de me sentir abençoada. Fui mãe por poucos dias, poucas semanas, mas tive essa benção. Espero poder voltar a me sentir tão feliz e abençoada!